Como um anjo desceste sobre mim
E afastaste todos os meus medos.
Fizeste-me finalmente mulher,
Desvendando com teu toque
Os meus camuflados segredos.
O carinho dos meus dedos nos teus,
A força dos teus olhos nos meus,
Nós dois, um no outro, com ternura.
No inebriante calor daquela noite,
A luta desigual dos nossos corpos,
Os abraços, os beijos, o enlace!
A minha inolvidável primeira vez...
Em mim, acordaste estrelas.
Contigo, vi-me tocar o céu.
Como um anjo abriste as asas
E entre elas me aconcheguei.
Sedenta de carinho e de refúgio,
Nelas, doidamente, eu me perdi,
Apenas para me descobrir de novo,
No lento balançar dos nossos corpos.
Que o Mundo diga que não é certo!
Amor, confidente, amante, amigo...
O que me importa isso agora?
Se cada um desses momentos
Guardarei eternamente comigo.
A minha loucura de bem-querer
Fundiu-te em sonho e realidade.
E o vazio imenso desta saudade
Desenhou em mim um novo ser.
Que insana teima em te querer!
Esta que foi tua, corpo e alma,
Chora baixinho... nunca se arrepende.
A tua presença levou-a o vento,
E se fundiram na chuva, teus olhos.
O teu corpo já não está no meu...
Não mais teus braços me cobrem
Ou tua voz serena me acalenta.
Partiste assim, repentinamente,
Levando em ti a despedida oca
E o amor que calei, contida e tosca.
Tardaste-te no voo do meu céu,
Mas na vida inteira serás único!
Fui à floresta porque queria viver profundamente,sugar o tutano da vida e aniquilar tudo que não fosse vida.E não,ao morrer,descobrir que não vivi. (Dead Poet Society)