Deixa-me sorver do teu corpo triste
Atracado ao porto da lágrima
A dor que explode nesse peito
O silêncio feito tarde cálida...
Sou a fúria da tua carne sedenta de carinho!
Sou o pão! Sou o vinho!
A paixão derramada em folhas de princesa...
O sexo que fazemos é o delírio das ondas
Por detrás das rochas da praia deserta
Quando o fogo desperta
Em nós a coluna brilhante do fascínio!
Sou aquele que te quer para além do tempo
Que sonha com pérolas de encanto e vento
Que adormece sobre o teu peito alado!
O meu sonho é ser tão livre como as aves
Que acasalam no cimo das árvores
Polvilham a natureza de esplendor!
Tu és a mais bela flor do meu jardim...
Porque acorrentam de proibições e medos
A paixão que nutrimos?
Oh vozes estéreis, lusco-fuscos da minha raiva
Que vos vestis de luto nos dias que passam
Porque desfilais pelas ruas, histéricas e loucas,
Com pendões de sacrossanta ironia?
Porque transportais nas hastes da dor as minhas
veias
Como símbolo dum pecado hediondo e infernal?
Oh vãs personagens dum filme de terror
Porque me acusais de ser a encenação do mal?
Será errado o amor?
Esgotem o vosso ódio até à morte!
Ruminem as vossas teorias até ao fim!
Amem-me ou odeiem-me!
Não preciso que tenham pena de mim...!
quanto a ti
Abandona o peso do medo que te assiste
Pois dentro de mim
Descobres paraísos de luz e calor!
Eu
Sobre o teu corpo jovem e rebelde
Erguerei um pilar à coragem
No palco sublime da nossa fantasia
Para contigo aprender a conhecer
A aurora do novo dia.
Para ti Jorge Humberto