Numa noite fria,
aguardo pelo dia,
em que a chuva não caia assim,
em cima de mim,
em becos sem saida e ruas sem vida,
a solidão não ajuda,
nesta avenida morta
e muda,
A única coisa que muda por aqui
É a côr dos semáforos e o sinal dos peões.
Os bares fechados
E a espera dos táxistas,
Por tortos embriagados,
de sonhos inacabados,
esforçam-se em figuras tristes,
para darem nas vistas,
As garrafas rolam na estrada,
Algumas sobre quatro rodas
E ao volante,
E ao longe, muito longe,
Distante,
A trovoada vem a caminho,
E a chuva vai caindo devagarinho
Miúdinha,
Levanto o braço,
Largo a garrafa,
Dou um berro
Sabendo que a figura mais triste é a minha...
Obrigado a tudo o que me inspira.