Prosas Poéticas : 

Ponteiros do tempo

 
deixo os ponteiros do relógio dispersarem em campo circular outrora definido por outrem, que não eu. eu não acredito no tempo. e ele não acredita em mim. nunca cedeu aos meus pedidos suplicantes, até. o tempo vive, mas nem sempre deixa viver. nem sequer é firme na sua definição de linearidade temporal, porque tanto o vejo a saltar para o passado como galga para o futuro. sofre de mutações pendendo tanto para a velocidade como para a lentidão. parece correr ou parar consoante as vicissitudes das nossas vidas. o tempo nunca desculpou os nossos pecados nem escutou as preces de todos. só é fiel aos não viventes, porque para eles é gélido, sem pressa de vida, coarctando toda a esperança de vencermos na ressuscitação saltada das campas . o tempo só dá tempo a quem já não precisa de vida- só têm o seu nada em que nada lhes serve a paragem de tempo. deixo, porque tenho deixar, os ponteiros do relógio dispersarem.


pessoa nenhuma (reside em mim)

 
Autor
elsa
Autor
 
Texto
Data
Leituras
907
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
2 pontos
2
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
Junior A.
Publicado: 16/07/2007 17:42  Atualizado: 16/07/2007 17:42
Colaborador
Usuário desde: 22/02/2006
Localidade: Mg
Mensagens: 890
 Re: Ponteiros do tempo
Bem sei do que falas,
Mas não guarda-se o tempo, nem tão pouco se deseja
Leva-se o momento, e para tanto, a alma enseja.

Mui bueno Poetisa.