Sonetos : 

INCÓGNITA

 
O meu pranto não tem o gosto salgado;
Quem o prova somente o sente amargo,
De enredo denso a La Woolf ou Clarice,
A esperar doridamente a velhice.

Eu quero em desenredos me implodir,
Causar em mim bem mais que frenesi,
Trazer a mim as flores que não tenho
Devagar desfazer este meu cenho.

Não choro de tristeza sob esta noite,
Presta atenção que sou o próprio lamento
Que amarga sem dó até o passivo vento.

Vou embora e deixo as vozes se trancando,
Atravessando Orlando e Macabea,
Manchando o poema que em mim estréia.

(Luciene LIma Prado)

 
Autor
Lucienelp
Autor
 
Texto
Data
Leituras
967
Favoritos
1
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
10 pontos
2
0
1
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
Henricabilio
Publicado: 23/02/2010 22:19  Atualizado: 23/02/2010 22:19
Colaborador
Usuário desde: 02/04/2009
Localidade: Caldas da Rainha - Portugal
Mensagens: 6963
 Re: INCÓGNITA
Com o sem sal, fica no ar uma sensação de angústia.
Não bebas na nascente de amargura de Florbela,
que todos precisamos de sorrir com e para a Vida.

Grande abraçooo!
Abílio

Enviado por Tópico
rosafogo
Publicado: 23/02/2010 22:43  Atualizado: 23/02/2010 22:43
Usuário desde: 28/07/2009
Localidade:
Mensagens: 10798
 Re: INCÓGNITA
Me fizeste lembrar a Florbela que eu tanto gosto.
Tenho em mim um pouco da nostalgia que se sente nos poemas dela quando faço algum soneto.

Luci, este poema está muito lindo, eu aprecio
demais sonetos, e gostei.

beijinho
da rosa