O poema se escreve em quinze minutos.
Escrevi a terra que durante quinze meses foi revelada lentamente por debaixo das árvores que estiveram aqui.
Escrevi os carvalhos que levaram oitenta anos para tornarem-se exuberantes fileiras verdes.
Quinze séculos se passaram para que eu pudesse falar sobre guerras, sobre evolução e sobre cultura.
Quinze séculos formaram rochas e montanhas para que eu pudesse apreciar sua beleza e unicidade e então escrever sobre precipícios e jóias.
Quinze anos destruíram o ódio.
Oitenta dias destruíram o amor.
Em quinze segundos o amor reergueu.
Foi preciso quinze meses para superar a dor. Em quinze anos alguns se tornam honrados e dignos. Já os que precisam de oitenta, vêem tudo que destruiu e estão destruindo, passando pelos seus olhos em quinze segundos. Mas talvez não terão mais quinze anos pela frente. Então dizem a quem tem oitenta anos pela frente o que devem fazer.
Durante oitenta anos você perde tudo que mais ama.
Algumas vezes em quinze segundos, você vê que não perdeu, e sim ganhou.
Você pode passar oitenta anos fechando os olhos para isso.
Durante sua vida, você fez amor com quinze pessoas. Outros com oitenta.
Em quinze segundos, você se apaixona por uma só e deseja viver oitenta anos ao lado desta, e sonha ter quinze filhos.
Alguns sonham com o amor de alguém, outros não acreditam nele. Em quinze segundos o amor aparece, ou você leva quinze anos para descobrir que deve se amar primeiro, antes de desejar que alguém te ame.
Por quinze minutos eu desejei aprender, o que em oitenta anos não poderei.
Aprendemos a vida toda, e morreremos sem saber nada.
Num poema falo de quinze assuntos, vocês me dão oitenta interpretações diferentes.
Desejei levar quinze vidas, conhecer quinze dimensões do próprio eu.
Então consegui oitenta.