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Ilusões, sinais e crenças: tudo isto é dor!

 
São quatro da manhã! Não, não estou acordado por trabalho ou pelo facto de estar entretido com outras coisas. Estou acordado porque os meus pensamentos impedem-me de adormecer com a paz que tanto preciso.
Tenho lutado por tudo e muito. Talvez até mais do que devia ser. Só Ele, o Deus da Luz, sabe da tristeza que me domina e o medo que me assola.
Não me lembro de sentir medo noutros momentos, mas neste sinto-o. Por incrível que pareça, não tenho receio de ti, que me fazes estar assim, mas sim de mim. Tenho medo de aos poucos não me reconhecer; tenho medo que a tristeza seja mais forte que a minha coragem; receio que os meus dias não tenham sol e que o olhar de quem me rodeie se desvaneça num mundo de desilusão. Tenho medo de não voltar a acreditar.
Pego na agenda e folheio-a. Quanta gente me conhece! Mas quanta gente não me diz nada. É assim que me sinto em grande parte: conhecido e conhecedor, mas pouco valorizado, gostado, amado.
Já pensei em escrever poemas, mas é a prosa que me acalma. Aprendi que tudo isto estava traçado e tenho-me mentalizado que os traços do meu destino não são longos, mas profundos. São os meus e respeito-os.
Pensei, nesses mesmos poemas, extravasar todo o meu ódio, a minha raiva, a minha dor, a minha desilusão. Hoje, não julgo estar certo. Não te vou odiar nem desejar mal; vou antes, e isso sim, colher um malmequer no campo dos sonhos e tirar pétala a pétala. Se me calhar o “mal me quer” e agora desculpa-me…vou inverter o jogo e alterar as regras todas. Preciso, e hoje preciso mesmo, de algum incentivo, de alguma folha branca para se começar uma história do zero; preciso de muita paz de espírito e de um momento para mostrar a mim mesmo que sou capaz.
Ainda me iludo e é por isso que não durmo. Ainda tenho crença e é por isso que continuo a sofrer. Ainda recebo sinais, mas o grande problema é que não os quero interpretar num sentido irreal.
Tudo em mim é o ontem. O hoje virá, mas está distante. Fazes-me estar assim, mas eu irei fazer-te sempre bem…para que tudo em mim seja real.
Acende uma vela de novo e recomeça. A minha, esta, há-de apagar-se…talvez!

 
Autor
João Nuno Marcos Bap
 
Texto
Data
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1985
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Enviado por Tópico
Juli Lima
Publicado: 07/08/2007 23:22  Atualizado: 07/08/2007 23:22
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 Re: Ilusões, sinais e crenças: tudo isto é dor!
Boa noite! Expressivo e intenso poetar. Bj poesia