Sonhos soberbos fomentados
Pelas esperanças e as ilusões,
Pela pele do corpo desenhados,
A ferro e fogo mui bem tatuados
Presos por corrente aos corações...
(Eu que andava comprando sonhos
E hoje ando vendendo as decepções!)
Sonhos de neves alvas e derretidas
Sonhos pombos de delícias divinas
Alados de mui doiradas plumas
Celestiais com asas argentinas
Penugens de nuvens das espumas...
Sonhos sonhados sobrevoando
Banquisas estreladas do pólo sul
Desejos reprimidos pelo céu azul
Que telas de seda vão arquitetando...
Os pássaros o mundo todo beijando
Tudo ardendo em tais chamas e flor
O Amor menino que vai crescendo
Crescendo tanto, tanto que aflora
Como lírios dos vales e sonhos rosa;
Vidas vividas, vitórias de gladiador
Romano, romeno, robusto, indolor...
Hoje são só sonhos sonhados outrora
Que tendem, ao sabor doce da aurora,
Tendem a dobrar asas e a desaparecer.
Mas digo, mesmo ao correr das horas,
Nunca deixe seus sonhos irem embora
Nem sua esperança... De alguma forma...
Fenecer!
Gyl Ferrys