Na noite estremunhada de palavras ávidas
voavam ventos agonizados em roda livre,
suspensos a crinas de bestas inquinadas.
Cavalgavam-se distâncias
na dissonância de cascos ruidosos,
na fúria e na inconstância
espumada das bocas afadigadas dos animais.
Os trevos de quatro folhas
dos dias desiguais deslizavam a esforço,
derivados, sem corpo, substrato
ou caule, lagos invernosos,
enfarpelados de nenúfares roxos.
Ausentes das margens, cisnes astutos
respigavam-se em agudos guinchos,
grasnando, hasteando imaculadas pescoços
ao vítreo líquido do espelho das águas
... ao espelho do lago, em sinuosas danças
sem rostos, em gestos sem palco,
projectando-se em sombras no negro do asfalto,
… densas, de apenas crenças.
No Inverno dos actos,
no algodão plúmbeo de milhões de nuvens,
soltam-se por fim todas as chuvas.
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