Temo o sol,
que traz luz, que insiste em banhar
o meu árido viver.
Temo o sol,
que clareia os passos incertos,
na busca ansiosa pelo futuro.
Temo sim, o sol
que é imperativo, mas que se vai
e me deixa na noite obscura
sem nada, e retorna cedo
a deixar-me com nada.
Temo o luar,
as estrelas mais temo,
só vejo pontos, vagos lumes
no espaço sideral sem fim.
Temo o próprio universo,
qual minúsculo ponto inerte,
que me perco, me lanço a cair,
a cegar-me feito cometa em rota solar.
Temo, temo tudo que traz,
pois, não sei se levará,
a maior das dores que sinto,
temo e temerei, pois sinto...
AjAraújo, o poeta humanista, poema escrito em agosto de 1975.