Perdoe-me, Yolanda
Eu sinceramente preferia que não fosse
assim com um simples e-mail...
Mas, cansei de esperar teu barco à deriva
que nunca aporta no meu mar. Da bússola
sem norte e perdida, que guia teu navegar
Chega de tanta tristeza vazia e deste olhar
cansado a fitar o infinito a procura da luz do
teu olhar. Dos cegos do castelo que não
vêem que o sapo é o verdadeiro príncipe
Chega desta dor nos cotovelos apoiados na janela
Chega de tantos devaneios, querida
Quem vive disso e é esperto, não se ilude
Pinta um quadro com tintas alheias, sem
tela. E até para um cego, inventa aquarela
Cuide-se! Chega de viver telenovela!
Perdoe-me, repito. Se falo demais, exagero
Talvez seja o calor, que praticamente secou a
cascatinha onde vivo. E o viver aqui, é licença
poética clara. Pois não passo de um inútil desejo
perdido, preso neste corpo batráquio a tua espera
Ontem, a temperatura de 42° reduziu a profundidade do
laguinho a menos da metade... Descobri que o peixe Otto,
meu amigo de velhos carnavais, morreu. São os ciclos da
vida eu sei, mas vou sentir saudade. Ele era um cascudo
Contudo, mesmo eu o tratando por piranha velha, ele se ria
Otto... Uma mulata na Tijuca, segredos... Conto outro dia
Por um lado foi bom, pois alguns acontecimentos nos
provocam uma espécie de centelha... Reflexões... Depois
do velório, fui ao correio, coisa antiquada, e na caixa postal
lá estava uma carta dela. Ao ler, descobri que a vida novamente
pode ser bela. Arrependida e curada, minha virgem tomou
coragem! E linda, meu amor voltou da “grande viagem”
É, You. Sinto muito, mas... Adeus Copacabana
E seus becos, seus ratos, suas ilhas cagarras, suas sereias
falsas atrás de grana. De que me adianta este mar imenso
e esta água salgada, sem nem uma aragem
De que me adianta sem ter um amor, a fama?
Minha vida – meu negócio agora, é fazer amor requintado
com a minha princesa na lagoa das onças e a luz de velas
Chega de encontros virtuais, de prosas fúteis, palavras inúteis,
excesso de bagagem... A partir de hoje sem culpa e
ao lado dela, somente paz, amor e muita sacanagem.
Rudá