Há dias que passam
Tão vagarosos,
É então que dou comigo,
Quieto, no canto
Mais longicuamente proximo
De ser o que sonhei!
Enlevo no remoto as folhas caídas
De uma cansada arvore,
Que não mais dinamismo teve
Para as a si atar…
( Quiçá pelo peso exagerado da neve ).
Sorrio,ao ver algumas dessas folhas
Ainda expostas, elevarem-se
Para rodopiarem com o vento;
É perfeita a sua sintonia,
Como que fixas com mãos invisiveis,
Que invocam ao olhar,
Vívidos aneis de formosura rotatória…
( Pudesse a vida ser assim perfeita,
Envolta em pura sintonia )
Mas…
Há noites que cessam
Tão velozmente,
É então que dou comigo
Na proximidade longincua
De ser quem devéras sou!
Movimento-me em cada lugar
Imaginavél, errante,
Não me consigo encontrar,
Permaneço assim, aquém do previsto…
Enxergo abalado,
Que também a arvore dos sonhos
Vai perdendo suas folhas!
( talvez pelo peso da constante
Turbolenta realidade)
Ou apenas pela falta de mão-de-obra
Crescente criada pela ilusão…
Uma a uma, vão enroupando amortizadas
O chão árido da alma,
Que a meu ver jaz já sobre si mesma
E em mim…
Não persinto qualquer especie de vento,
Nem minima brisa, ou sopro de alento,
Que me faça revisar que a vida,
Para além dos sonhos outrora concebidos,
Poderia ter sido perfeita…
Paulo Alves