Já ninguém se preocupa com ninguém
nem que o coração tem nem o que à
alma vem
As pessoas passam sem sorrir
e vão no porvir que não tem para onde ir
Sãos mesquinhas até à sordidez
ninguém sabe o que fez dá-lhes a surdez
Um aperto de mão está fora de moda
já nem um mundo roda na altura da poda
A hipocrisia é o pão nosso de cada dia
é de boa serventia a quem da vida se desvia
Valha-nos as crianças e as flores
nunca se queixam de dores e a ninguém
devem favores
Isto está tudo num aperto
politica sem acerto comunhão sem alento
E reina a vaidade ostensiva
que de tão ofensiva se torna missiva
Dos pobres e dos loucos ninguém fala
a boca cala ante a iminente bala
Parecemos todos uns maltrapilhos
cuidando dos filhos como quem aperta o cilho
Tudo para uma boa aparência artificial
com a qual beneficiam até se darem mal
Dos velhos não querem nem saber
se lhes dá sede de beber se o que lhes resta
é uma vida a padecer
Às mulheres os maltratos
e usam de aparatos dizendo-se apenas chatos
Que a policia usa de vil conivência
para eles são só aparência porque não têm decência
E aqui está a cantiga dos meus ais
dos trabalhadores de cais até aos filhos de pais
Que nesta nova geração
hão-de trazer o condão de um bafejado coração
Jorge Humberto
16/02/10