Quero cantar
Como o mais sonoro bem-te-vi
que torna alegre o meu despertar
Mesmo sem vôo, sem voz, sem ti
Quero deixar
A canção gravada em todos que a ouvirem
Ela trará minha mensagem de liberdade
Quase perdida ante as desilusões impostas
Quero levar
Quando o sol não mais iluminar minhas manhãs,
Mesmo que o luar não mais seja a fonte de inspiração,
Não me importa, ainda acreditarei no poder do AMOR.
Quero andar
Correr solto por todos os prados,
A semear, a plantar, a colher a paz profunda
Mesmo que surjam ervas daninha da cobiça, da inveja
Quero fugir
Das paixões cegas atiradas no abismo do egoísmo
Dos elos de ambição que contaminam a humanidade.
Menos dos seres indefesos que ainda resistem.
É por isso que procuro nas palavras
Uma nota que expresse os sentimentos
Que seja apenas uma que me (nos) convença
De que nem tudo está perdido.
Preciso da segurança que todos almejam
Nesta selvagem competição, onde vale tudo
Sem corromper-me os hábitos, a moral e a ética
Sem submeter-me aos modismos e oportunismos
Quem sabe você ao ler esta mensagem
Já a tenha conseguido
Por isso peço-te: divida-a (e não só ela)
"O mundo é grande demais para você sozinho(a)."
Precisamos do "outro" para nos firmarmos
Na condição de "seres humanos".
Ao chamado do amor, se estabelece o diálogo,
A relação verdadeira e fraterna.
AjAraújo, o poeta humanista, na lira dos 20 anos, em um poema-exortação, escrito em maio de 1975.