Nasce o rio
Prelúdio de uma sinfonia
Em plena sintonia
Com os acordes da alegria
Sintoma de mais valia
Registo que definiria
Como caminhada da euforia
Nasce o ser
Êxtase do que valeu
Paradigma do que sofreu
Mesmo virado para o céu
Na tónica de não ser eu
Por isso não prevaleceu
Neste insípido breu
Nasce o cio
Raro fruto a apetecer
No enigma de cada ser
Pela força do viver
E na crença do prazer
Como rio a sofrer
Por nunca te poder ter
Nasce o perecer
No culminar da caminhada
Desde logo devorada
À partida iniciada
Apesar de prolongada
Nunca foi programada
Até se entender por finada
Nasce a luz noutro lugar
Nasce o sol em campo morto
Nasce a mágoa a preparar
O nascimento de um mundo torto
António MR Martins
2010.02.15
António MR Martins
Tem 12 livros editados. O último título "Juízos na noite", colecção Entre Versos, coordenada por Maria Antonieta Oliveira, In-Finita, 2019.
Membro do GPA-Grupo Poético de Aveiro
Sócio n.º 1227 da APE - Associação Portugues...