Oiço a tua voz, que lá longe à distância chama por mim. Grito de dor, abafado e sofrido, qual fogo sem cor, ardendo em ténue chama.
Aguço os sentidos em busca do teu lamento, quero encontrar-te.
Sim, sei o que queres, compreendo a dor que dilacera o teu corpo. A tua alma está presa nesse corpo, onde não há sonhos, apenas angústias e desilusões.
Encontro-te e abraço-te, tentando proteger-te no calor dos meus braços.
Sentes o aconchego que te ofereço, e é como se acordasses numa alcofa de algodão. Sentes a carícia, na luz do meu olhar, luz diversa, que se estende mansa até ti. Com ela transformas-te, renascendo em ti um ser, repleto de energia.
Olhas-me e sorris! Compreendeste que aquele abraço que te dei, fez com que deixasses para trás, todos os tormentos, todas as dores e todas as lágrimas que até ali agrediram a tua alma.
Nasceu para ti um mundo novo, cheio de beleza e esperança. Afinal a amizade e a solidariedade existem.
Maravilhaste-te com os pormenores deste mundo, que transpira harmonia e onde os sentidos falam, sem que palavras sejam precisas, as ideias fluem simples e claras na nossa mente.
Este conhecimento, este sentir, essa luz, vem de todos os lados, impregna-nos e mantém-se dentro de cada um de nós, como um farol, que através da tormenta nos guia em navegação segura, até ao próximo porto de abrigo.