Sou eu o teu amor,
O teu amado e amante,
Teu refrigerante e calor.
Sou eu o teu afago.
Nada no mundo me basta.
Hoje amanheceu feia nossa casa
E as plantas, acredite, choraram.
Amanheceu o dia hoje incolor.
Tive a pedra rígida como travesseiro,
De cama tive o concreto imundo.
Hoje o sol não beijou as flores do terreiro.
Acobertou minh’alma o silêncio profundo.
A tua ausência ressecou nossos pomares
Feneceram, as magnólias e as margaridas
Não veio visitar nosso quintal a cotovia
O cavalo campolina campeia em outros lugares.
Queda uma folha e uma lágrima ressequida.
Meus dedos penetram em meus cabelos.
Choro. Sento e ponho os cotovelos nos joelhos
Numa atitude de total e completo desespero.
Mais que Jó amaldiçôo o dia do meu nascimento
E o liquido lácteo sacrossanto que eu um dia bebi.
Mais que César defronte ao busto de Alexandre
Choro a não conquista daquela Roma que
Nunca foi minha.
Que nenhum conquistador tome meu sol
Como um dia quiseram tomar o de Diógenes.
Nada furta-me o que trago dentro dos genes
Envolto em folhas pintadas de lua e arrebol.
Volte para que possam sorrir nossas plantas
Para que volte a ser só luz essa triste escuridão.
Volte e me acoberte com teus olhos e mantas
Para que não sangre mais meu pobre coração.
Gyl Ferrys