Não há dor que me impeça
de sofrer amargamente
neste recôndito
e solitário alojamento.
Sinto-me preso
nas algemas em uma cela
de uma prisão isolada
que criei para mim mesmo.
Quando me libertarei?
Se eu mesmo tenho as chaves,
Sei que somente eu posso fazê-lo,
Porém, sinto que preciso enfrentar...
Não tenho nada, sei de onde vim,
minhas memórias estão apagadas,
o fogo da juventude consumido sem água
ou bombeiros pra apagar as chamas.
Não tenho céu, não tenho mar
Não vejo Deus, não sinto amor
Meus momentos de balão a apagar-se
Quando sutilmente é lançado no ar...
Para que tudo isso,
Este esforço hercúleo?
Se o que me resta
é uma máscara da vida...
E depois, deixar tudo de lado
pra batalhar um curso
E agora, jogar ao léu tudo?
Eis pois, meu dilema, esta inquietude...
A distância de minha vila,
dos amigos e amores,
sufocado ante tantos deveres,
que me impele a exercitar minha rebeldia.
AjAraújo, o poeta humanista, escrito em 1976, refletindo as inquietações do poeta durante o curso de medicina.