Hoje meu latido
Quase não é ouvido.
Já não escuto como antes,
Ainda bem,
Assim não sou obrigado a ouvir
Todo dia:
Para fora!
Não mija aí!
Saí do caminho!
Quase não vejo,
Quase não sinto o gosto medonho
Da comida que me é servida,
Sempre,
Naquela vasilha imunda;
Não cometi crime,
Mas, meu cardápio é hediondo.
Como fede seu cachorro!
Que boca meu!
São esses os elogios
Que agora me são dirigidos...
Fico aqui no meu canto,
Ando pouco,
Andar dói muito,
Esperando o dia
Em que alguma mente brilhante
Sugira: Por que não matam esse cão?
Ele não serve para nada,
Fica aí dando trabalho!
São sempre assim,
Ingratos esses humanos;
Hoje não sou mais o alerta guarda noturno,
O notável caçador de ratos,
O belo cão que todos admiravam.
Minha vingança vem no tempo,
Que passa para eles, também.
Cão velho não é muito diferente
De gente velha,
Logo um mais novo decreta,
Sem vacilo.
O fim num asilo.
Hoje só me resta aguardar,