Se eu dissesse que não tenho saudades Mentia, não te mentia a ti, iludia-me a mim O dia parece maior, as flores murcharam, enfim Como murchou o rir daquela que conheces
Mas, porque haveria de rir, talvez penses Porque as mulheres devem rir, imagino-te sim Olhando o dia desgastado, venha depressa o fim Que a noite caia, e um apagão destrua as cores
Que envolvem a cidade, talvez encubram A gélida realidade, a tua, e quem sabe a minha Que o escuro tape o lado funesto, que cubram
As estrelas que teimavam em cintilar No meu olhar, aquele com que te olhei Ao mesmo tempo em que entreguei o meu acreditar
Antónia Ruivo
Era tão fácil a poesia evoluir, era deixa-la solta pelas valetas onde os cantoneiros a pudessem podar, sachar, dilacerar, sem que o poeta ficasse susceptibilizado.
Duas caras da mesma moeda:
Poetamaldito e seu apêndice ´´Zulmira´´ Julia_Soares u...
perguntaria se não temesse o outro lado da palavra perguntaria se não cruzaste a minha solidão perguntaria porque não tens nas veias o meu sangue se tudo em mim de ti me faz irmão
perguntaria se a minha ausência em ti não te doeu se a noite não dizia que o eu és tu e o tu sou eu
Pergunta à noite ou então pergunta-me a mim Ambas te responderemos que a solidão Vagueia pelo Alentejo em combustão É a sina das gentes que nasceram aqui
Pergunta à noite ela te falará assim O sangue que desliza no vento suão É o meu e o teu, é o de um milhão De sonhos, e sorrisos que vagueiam e por fim
Se cruzam na planície velha e cansada Mas mesmo assim consegue virar a página Em cada gota de água tresmalhada
Pelo agreste do frio que nos gela a alma Pergunta-me a mim, eu te direi que a ausência Por vezes é a força que me trás átona