Sou peregrino do andar vagante,
Há um turbilhão de fatos a perturbar-me,
Vazio, para mim tudo tem sido
Até mesmo, meu próprio equilíbrio
Sou peregrino do olhar perdido
Em alguma coisa sem fim, náufrago
na imensidão deste mar que me cerca
No aceno melancólico nesta ilha deserta
Sou peregrino de escuta tardia
As canções prediletas já não me soam
Desapareceu de há muito você, minha magia,
Música, amor, vida, nas marés que agitam
Sou peregrino da vida futura
Onde planto, onde teço meus propósitos
Mesmo que a canção se desfaça
A paz se fará nos olhos mais distantes
AjAraújo, o poeta humanista, escrito em maio de 1975,