Acordo sem dor de cabeça. O dia apresenta-se convidativo. Sento-me para ler. Clarice Lispector. Para mim Clarice assume várias personalidades. Ela é Tudo em um, um em tudo. Às vezes acho que ela fala por mim.
“Não sei se quero descansar, por estar realmente cansada ou se quero descansar para desistir.” Clarice Lispector.
É curioso, vida é apenas uma morte. Estamos aqui para viver ou para morrer?
Contradição. Isto basta. Só descobrirei quando desistir desta existência, e voltar para um ciclo vicioso. Talvez na próxima reencarnação tenha que me redimir desses pensamentos obsessivos. Ou ainda deva consultar alguém. Um experiente nas andanças da morte. Nas andanças do próximo mundo que sangra a cada instante.
Acho que devo me despir da solidão, deixa-la solitária. Ou talvez eu que tenha que me despir de ser, e voltar a ser. Vou subverter-me na inconstância da vida. Quero afirmar a minha existência. Vou expiar-me de mim própria, do meu eu para voltar ao infinito.
Assim me senti hoje absorta, quando acordei e pensei no conhecimento da vida que termina com uma morte distante. Na busca incessante do saber se estamos aqui pra ficar ou partir.
Ou ambos. Não sei.
"Quando me amei de verdade, comecei a escrever sobre o que eu vivia e o que eu pensava, porque compreendi que era meu direito e minha responsabilidade."