Dois rostos, um povo, duas obras, uma língua, duas épocas, um país: Portugal, da raiz aos frutos.
Ambas as obras, “Os Lusíadas” e “Mensagem” têm como pano de fundo a história de Portugal, evocam heróis nacionais que são elevados ao estatuto divino e permanecem muitos deles conservados até aos nossos dias através de lendas ou mitos.
Respeitando as características das obras literárias do seu tempo, os dois autores, teceram duas obras distintas mas que ao mesmo tempo se cruzam ao exaltarem ambas, mais do que os feitos dos lusos, a alma lusitana.
O mar adoça essa alma, nele navegamos e demos novos mundos ao Mundo, por tantas peripécias passamos para, agora tal como ele, salgados ficarmos, com saudades dos gloriosos passados.
Sem querer, estamos a adormecer lenta e progressivamente, aguardando D. Sebastião que teima em não chegar e nós prestes a naufragar.
Vamos navegando no nevoeiro cerrado em que se tornou Portugal, içamos as bandeiras com grandes expectativas para o Mundial.
O que seria de nós, se para além da nossa amarga voz, não vivêssemos neste pedaço tranquilo de terra que é Portugal?
Da calçada portuguesa até troçamos, tudo que é estrangeiro compramos, o que é nacional é bom, mas nem sequer provamos.
Somos uma solarenga contradição descontente, a alegria de ter e pouco ou nada fazer para o obter.
Constate-se que nos contentamos com pouco, embora estejamos contentes, arranjamos sempre pretextos para reclamar, e por vezes chegando tarde, a conta, acabamos por pagar.
O destino luso não depende de D. Sebastião, se não da abertura das mentalidades da elevação das almas ecoando uma nova lusitana canção.