Homenagens : 

Marrí entorpecida

 
...Observava atentamente cada movimento, cada sicrônia, cada detalhe. Os toques precisos e sustenveis que preenciam aquele espaço liso e úmido. A vontade passava pelas vêias e os olhos já estavam ludibriados com aquela cena. Minutos, horas, e nenhum descanço passava pela cabeça, que parecia está presente naquele momento alhêio. A pele tremia, rodeada de suor, de ansiedade. Mãos que pareciam ter vida própia, se aqueciam e não mais paravam de evaporar liqüido. Como um colapso nervoso sem controle. Alí, continuava todo aquele ritual, sem intervalos e sem cansaço. Como uma dança, a introsação dos movimentos, a combinação daqueles toques, das pegadas em partes sensiveis; tudo era perfeito e único. O solo parecia cama macia de algodão. Parecia fazer parte em uma fusão homogênia. Os olhos continuavam atentos aquela cena, as mãos, a pele, o cerébro, a respiração e até o coração; tudo parecia fazer parte daquilo tudo, como uma única parte.
Não havia espaço para outros pensamentos, pois a mente se direcionava indiretamente para aquele ritual. Como se estivera aprendendo, decorando cada compasso, cada angulo. Uma máquina copiadora que jamais esqueceria aquele registro. Mesmo se ouvesse outros momentos mais deslumbrantes. Ah, esses olhos que tudo ver e nada apaga. O que seria de agora endiante. Quando aquela posição acabasse? Quando aquele tremor parasse? Quando aquele arrepío acabasse? Quando aquele corpo não mais suasse?(...)
Paulatinamente aquela sicrônização parecia esta acabando, em doses homeopáticas pareciam infinitas.
E o que tremia dentro desse ser? O que passava nessa vista ludibriada? O que causava tanto fervor?(...)
Olhos que observam, na mente de quem cria, entorpesce, umidesse e copía. Ah, olhos escravos, mente faminta, dose tardía, póros furados, corpo vadio.
Dança que cança, é o tempo que gira, respiração paulatina na partida da vida. Sensação que estremesce, ilusão que se vía, anciedade que sôa, fusão que alivia.
Visões infinitas, cenas daquele dia, overdose que parava o coração de Marría...
*María; Marrí como era chamada usava drogas todos os dias. Não tinha medo do perigo e gostava de viajar. Cantava muito bem mas não queria cantar. Acreditava que a vida era uma louca dose de qualquer droga barata. Não tinha familia, mais tinha amigos. Não estudava muito, mais sabia ensinar. Era rúiva, de pele lisa, olhos castanhos caramelados. Conseguia tudo o que queria. Andava na práia sem espectativas, mas sabia apreciar o mar. Não ficava triste em nenhum dia, nem mesmo quando queria chorar. Dizia que a vida era o pior suicídio que existia a solta por ai.
Marrí não tinha cachorro e morava sozinha. Nunca teve carro e dizia que nunca teria. Não se apaixonava; gostava de liberdade e só as drogas se prendia.
Marrí morreu de overdose em 2009, numa festa de amigos. Foi à ultima festa de Marría. Já havia tentado suicídio outras vezes. Viveu ao extremo e sem limites. Deixou saudades e foi motivo para reabilitações de muitos amigos, algo que ela nunca desejou, ver amigos como ela. Ela teria que ser única e sozinha morreu, rodeada de amigos, prazeres e drogas.


Marcos Lima

 
Autor
Marcos Ch. Lima
 
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