Encostado no balcão bebo mais uma cerveja
Dou asas à tristeza estou sozinho para que ninguém veja
As lágrimas que correm:é por ti que sofro agora
E neste peito acredita que o amor já ca não mora
Tenho culpas que finjo nem sequer ter
Tatuagens que marcaram o mais profundo do meu ser
O teu sonho: ter um homem em que pudesses confiar
Nem por sombras te passou que eu não era de fiar
Tentaste mudar-me mas não conseguiste
Sou punho de aço, gelo, fel, espada em riste
Sou pela luta de crenças sãs
Nesta vida eu só vivi intenções vãs
Quando vês um gajo com uma arma pronta
Salvar a tua vida e a de outros é o que conta
Tens uma chance de sobrevivência
Não há espaço para emoções, sentimentos ou carência
Não lamento as minhas escolhas, mas tenho pena
De não ter presenciado aquela cena:
O nascimento de um filho, é natural.
Mas para mim faz-me sentir todos os dias que é Natal
“ Diz-me
Que já não sentes meu amor
Da minha pele o meu odor
Que de ternura te envolvia”
Já matei e cometi todos os crimes e nem por isso
Te usei, mas também não assino compromisso
Podia ter as mulheres que eu quisesse mas não o faço
O que me impede de estar contigo é o cansaço
Já estou farto de tanta dualidade
E de mentiras a que me entrego e na verdade
Esta vida é: a que mereço
Porque todas as escolhas têm um preço
Fumava enquanto puto, marijuana
Sonhava viajar e ter uma filha chamada Ana
Hoje tudo o que tenho é esta fama
De ser gangsta e rapper e andar à mama
De filhos da mãe oportunistas
Desgraçam aqueles que da vida são autistas
É nesta cena que vivo e por te amar
Aplico o conceito de amor que é libertar
Podes ter magoa, raiva e até ódio
E em questões de culpa, eu subo ao podium
Mas por favor não a leves com a partida
Se me tiras a filha, tiras-me a vida
“Diz-me
Que a tua boca não merece
Um beijo doce ou uma prece
Mas não te escondas na mentira”
“ Crê-me
Se continuas nessa vida
Inevitável é a minha partida
Só viverás com a tua ira”
Carla Veiga Ribeiro