Atira-me ao ar e deixa-me cair
Sou mais leve que uma pedra
Mais pesado que uma pena
Atira-me ao ar
Mas não me ampares
Deixa-me estatelar
E sentir dor
Deixa-me cair
Não me levantes do chão
Deixa-me ver um pouco do teu escuro
Deixa-me ver um pouco do teu pranto
Atira-me ao ar
Mas com encanto
Sinto o som da queda
O som do coração
Sou mais leve que uma pedra
Mais pesado que uma pena
No ar olho para ti
No chão olho para ti
E vejo-me sempre a mim
Deixa-me cair
Eu quero partir
Num voo alto e calmo
Num planar sem rumo
Sempre no ar
E depois cair
Passo da luz para as trevas
Com toda a facilidade
A pique entrego-me
E nem ponho as mãos na cabeça
Vou ser um estrondo
Um carro que choca no muro
O avião que colide na montanha
O comboio que não trava a tempo
Atira-me ao ar e deixa-me cair
Bate palmas
Faz o pino
Grita o que puderes
Faz isso sem tino
Ri-te
Chora de felicidade
Com o meu baque
Atira-me ao ar
Lá para o meio das nuvens
Deixa-me cair
No chão mais duro que houver
Algodão
Chumbo
Tem de ser este o meu mundo?
Atira-me ao ar
E deixa-me cair.
(de Bruno Cunha, in http://1-por-dia.blogspot.com)
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.