Os tempos da tormenta e da destruição já passaram.Edwards jamais esquece a imagem do seu tio John Sidney, piloto da Força Aérea Inglesa (RAF) no decorrer da 2ª Guerra Mundial,quando certo dia,desapareceu naquela que seria a sua última missão. Na altura em que desaparecera,era considerado um dos melhores pilotos de caças da actualidade,quando foi visto pela ultima vez, nos céus de Winchester ao sudoeste de Inglaterra.
Na sua pequena localidade onde crescera, perto de Winchester, no final da 2ª Guerra Mundial, a população mandou construir um monumento em homenagem aos seus heróis. Ao que parece, o nome do piloto Sidney, foi esquecido e não consta da placa que homenageia os seus mortos. Todos os pilotos tinham o nome de baptismo de fogo nos seus aviões e John Sidney, tinha escolhido para o seu ágil avião,as iniciais de GWEN. As iniciais que escolhera, homenageava a mulher do famoso Rei Arthur, a rainha Guinevere.
Com o passar dos anos, o sobrinho de Sidney, cresceu e frequentou uma das melhores universidades de Inglaterra, tendo recebido com distinção o doutoramento em Medicina. O agora Médico, tem alguma dificuldade em esquecer aqueles tempos difíceis que passou durante a 2ªGuerra Mundial, mas recorda com alegria e satisfação, os bons momentos que passava na companhia do seu tio Sidney e quando este o levava a bordo do seu avião Gwen,a voarem juntos sobre as nuvens, como se fossem donos dos céus.
As boas recordações e saudade do seu tio, foram muito fortes, assim como a sua falta ainda está presente. Muito em breve, irá ter uma tão desejada semana de folga e deixar o trabalho no hospital. Decidiu, que iria até á clareira onde seu tio Sidney tombara, para estar por um momento, próximo dele e meditar um pouco.Chegado ao local, podia observar, que ainda ali se encontrava a pequena cratera, que o avião tivera deixado, quando embatera no solo.
Os seus olhos podiam ver e ao mesmo tempo imaginar a violência do brutal acidente,que ocorrera na época. Entristecido, olhava fixamente para o local, quando reparou que na zona da tragédia, não tinha crescido qualquer vegetação ou ervas daninhas.Mas que estranho! Porque seria? Duas perguntas, que fez a si próprio. Mais tarde, em casa, perguntou ao seu pai, agora já com uma certa idade, se recordava-se de mais alguma coisa, sobre o trágico acidente e se tivera visto o local.
O pai contou-lhe, que o tio John Sidney, não falecera de imediato. Após o embate, foi prontamente socorrido no próprio local, por uma equipa da Cruz Vermelha. A aeronave, ficou consideravelmente destruída, acabando o piloto por ficar entrevado e mais tarde, perder uma das pernas assim como a fala. Os poucos meses que viveu, tentou insistentemente dizer o que parecia ser o nome de Camelot.
Antes de falecer, aquele nome foi referido pelo piloto mas nunca ninguém soube ao certo, de quem se tratava.
Edwards, o jovem médico, não sabia daqueles pormenores, relacionados com os últimos dias de vida de seu tio Sidney. Achou também ele, muito estranho e misterioso, o nome de Camelot ser referido nas últimas palavras do infeliz piloto. Resolveu então, para sossegar a sua curiosidade, ir no dia seguinte á Biblioteca Municipal de Londres e consultar os registos antigos sobre o acidente e a história de Camelot.
Foi surpreendente a pesquisa que fez sobre o assunto:
Além de já saber que Camelot era o local onde antigamente o Rei Arthur tinha o seu reino, ficou estupefacto, por descobrir que afinal o local onde o avião de seu tio Sidney se despenhara,era precisamente a antiga Colina de Cadbury, onde em tempos o Rei Arthur e os seus Cavaleiros da Távola Redonda, tinham o seu quartel-general.
Acabou também por estranhar a coincidência do nome que seu tio arranjara para o seu avião, dando-lhe o nome de uma antiga rainha chamada Guinevere.Quando leu as críticas dos peritos, sobre o acidente daquela trágica noite,assim como as causas mais prováveis que levaram o experiente piloto Sidney a embater violentamente na Colina, várias fontes referem e dão conta, que naquele local já em tempos, a maldição tinha tomado conta daquela Colina e certas noites, aldeões comentaram terem visto, sem qualquer motivo ou explicação aparente, as Colinas de Cadbury, iluminadas por uma quantidade considerável de archotes medievais.
Edwards, nem queria acreditar,que tudo o que acontecera com o seu tio, estava ligado á lendária história do Rei Arthur. De facto, poderia muito bem ter sido possível, que qualquer piloto que por ali passasse durante a noite, vise as luzes dos archotes e as confundisse com as lamparinas utilizadas nas pistas de aterragem obrigatórias para os seus aviões e colidissem com a colina. Em tempos o Rei Arthur reunia-se naquele local, juntamente com os seus cavaleiros da Távora Redonda.Estavam ainda nos registos na pós guerra, que dois potentes e pesados bombardeiros das forças inimigas Alemâs,ali se despenharam,sem que resultasse qualquer sobrevivente
GABRIEL REIS