Tenho sede, sede, sede!
Sede de te saber, de te conhecer, de te aprender,
Sede de te tocar, de te apalpar, de te mexer,
Sede de te ver, de te olhar,
Sede de beijar a lembrança que tenho de ti!
Tenho sede, sede, sede!
Sede de escrever este turbilhão de ideias,
Sede de explicar o vácuo que deixaste em mim,
Sede de me espojar nua debaixo da lua,
Sede de abraçar a alma que roça o meu corpo!
Tenho tanta, tanta sede!
Sede de gritar ao mundo este amor perdido,
Sede de pintar palavras sem qualquer sentido,
Sede de voar ao teu encontro, numa outra vida,
Sede de te encarcerar dentro de mim!
Sede de me abandonar à loucura, ao abismo,
Sede de me tornar terra e pó,
Sede de me transformar em água e fogo,
Sede de ser outra, noutro lugar, noutro tempo!
Esta sede de ti desidrata-me o corpo,
Agasta-me a alma, mata-me o ser!
Quero matar-te, sede maldita!
Lisboa, 2000