A mão não pára,
Tem vida própria,
Vai da esquerda para a direita,
Qual máquina de escrever,
Desenha estranhas figuras,
De cima para baixo,
De sudoeste para nordeste,
Deixa cinzelados sentidos vários,
Sulca o papel fino rectangular,
Eleva-se uns milímetros,
E logo volta a aterrar,
Para em círculos e rectas,
Algumas palavras deixar,
Suspende-se por segundos,
Com uma caneta na mão,
E logo volta à carga,
Cheia de energia e dinamismo,
Com todos os seus músculos,
Ossos e cartilagens a vibrar,
Transmitindo a estas frases
Todo o conteúdo e emoção
Que ela quer libertar
Para poder, finalmente, descansar!
Lisboa, 2000