Ao chegar a noite descobri um campo de trigo loiro
O sol de Maio, um planalto de rubras papoilas
Encontrei, o meu chão, uma trave, o meu tesouro
Encontrei num areal um mar de brancas conchas
Despi-me por entre as sombras difusas e abstractas
Banhei-me nas conchas semigastas, retive um suspiro
Que encobriu as palavras gastas, por entre as lágrimas
Que fechei num pote, argiloso de um amarelo oiro
Que contêm o amor que te tenho, a forte corrente
Que me mantém suspensa átona de água, fria
Como fria era a falta que no meu intimo sentia
Sempre que chegava a noite e o silencio me envolvia
Esta noite meu amor, o meu sonho foi diferente
Agora penso, semearei esse campo e sigo em frente.
Júlia Soares ( pseudónimo )
O mundo corre em direcção ao tudo, quando um dia morrer espero dizer valeu a pena.