Aos que começem a ler leiam até ao fim e só depois compreendam...
Em todos os rostos… (É aí que te procuro!)
Em todos os rostos! É aí que eu te procuro. É aí que ainda te amo. Foi neles que eu te perdi um dia. Em todos os rostos eu te perdi… Todos aqueles que vi passar na rua dos anos. Todos aqueles que tinham a ti, que tinham algo teu. Talvez desde sempre estivesse destinado a amar-te e a perder-te. Estava escrito nas estrelas! (Aquelas em que agora procuro saber de ti).
Todas iguais a ti… nenhuma parecida contigo. Ainda me lembro como eras. Como és. Ou como penso que ainda sejas! Todas iguais a ti. O mesmo sorriso, o mesmo olhar, o mesmo cabelo, a mesma pele, os mesmos lábios, a mesma doçura nos gestos. O mesmo dizer e ver do mundo… O mesmo descobrir de mim…
Ainda hoje vivo na esperança de te ver; de te ter como nunca tive…
Sei que já muitos anos passaram! Mas ainda me lembro de ti! Lembro-me como se sempre tivesses vivido a meu lado uma vida inteira. A minha vida inteira. Sentido o que senti. Lido o que li. Visto o que vi. Sofrido o que sofri sozinho.
Sempre foste o ouvido disposto a ouvir-me. A boca de conselhos sábios de beijos e consolos intermináveis. O olhar disposto a condenar-me e ao mesmo tempo iluminar-me. O coração disposto a amar-me. O mundo que me adormeceu quando os pesadelos eram a realidade…
Lembro-me de como começou esta minha história de um amor por amar…
Era eu criança apenas e já perdido no mundo. Talvez no meu. Nos dois! Perdido no meu mundo e perdido no mundo real. (Ainda hoje me perco em ambos!).
Tinha nove anos. Andava no quarto ano. Na Escola Primária dos Francos. Ainda hoje para mim; Escola Primária dos Francos soa a perda.
Ainda hoje tenho aquela esperança de criança, aquele pequeno coração cheio de espaços por preencher. Só não tenho o doce acreditar no futuro que tinha; porque para mim esse está morto. O acreditar e o futuro! Estão mortos os dois. Os dois e a criança que eu fui!
Tu andavas no segundo ano da mesma escola. (tens agora dezassete anos, se avançarmos para o presente).
Tinhas os olhos azuis. Um azul cristalino e puro capaz de nos prender e libertar; esse mundo imenso! O teu cabelo, era como manto escuro e imenso como a noite que me embalava em sonhos. Os teus lábios eram puros, o de baixo maior que o de cima, eram cor-de-rosa escuro. E as palavras que deles saiam, eram como mil poemas de um poeta qualquer. A tua pele era branca, branca como a neve. Branca como a esperança que ainda és! Os teu olhar, esse imenso mar de sonhos, esse azul profundo do meu ser…
Ansiava o acabar das aulas e tocar da campainha, pois só assim eu podia ver-te. Esperava por ti todas as manhãs junto ao grande portão da vida real…
Disse que te amava e não estranhaste; estávamos cada vez mais próximos, irias ser a minha primeira namorada… Mas um dia não vieste! Nem nesse. Nem nos seguintes… Procurei por ti nesse imenso recreio; nessa minha pequena visão do mundo…
Mas nada! Desapareceste completamente. E agora sei; para sempre!
Quantas vezes eu ainda esperei por ti antes de a campainha tocar para entrar? Quantas vezes eu me mantive perto do portão na esperança de que entrasses por ele e que a tua ausência se justificasse por doença? Quantas vezes me sentei no banco de coração pedra fria à tua espera? Quantas vezes, ainda hoje, me sento no degrau da varanda da minha casa e sem dar por isso… espero por ti? Quantas e quantas vezes redesenho o teu rosto na minha mente para que sejas perfeita como te conheci. Não perfeita perfeita, porque ninguém o é. Mas a perfeição que eras para mim. O amor é assim! Uma perfeita imperfeição. Partidas e chegadas. Ausências e presenças. O que sinto por ti agora é, ainda talvez, amor…
Procurei por ti mas acabei por te perder o rasto…
“Procurar-te-ei para sempre”… Já o disse ou escrevi em outras escritas, em outras ocasiões, em outras histórias que não a minha própria, em outros finais, em outras tragédias. Como é para mim a tua ausência… a maior das tragédias!
Amei outras… Amei-te em outras! Todas iguais a ti… Nenhuma parecida contigo!
Agora que revejo todos os amores que senti… vejo um traço teu, os olhos, o ver do mundo e de mim, a pele, os lábios, o cabelo…
Amei todas porque tinham algo que me lembrava de ti! Mas todas disseram não… erro meu julgar amor! Amor é o que ainda sinto por ti!
Esta é a minha história de amor por amar… Maria foi o meu primeiro amor, e o pequeno Tiago que ainda existe em mim quer muito reencontra-la… e o grande também
Por favor divulga este texto para que eu finalmente possa ter mais esperança em encontra-la…