Cometeu um crime, então que morra
Sem prisão de luxo e sem televisão
Deixem-no bem sofrer numa masmorra
Deixem até lhe fazer doer o coração
Viva a guilhotina, cortem-lhes a cabeça
Deixem-na cair num cabaz, língua de fora
E nem lhe devem de autorizar que ele peça
Uma graça ao Presidente à ultima hora.
Não, não, que morram os assassinos, todos
Que sejam culpados ou que se digam inocentes
Sem direito a advogados, que morram no lodo
Nós somos pessoas de bem, ficamos contentes.
Cadeira eléctrica, linda cadeira que bela invenção
Deixai-os grelhar como de frangos se tratasse
É um gozo saber que o assam inteiro até ao coração
Através da vidraça velo tremer, como uma carcaça
Uma injecção que lhe chamam letal, ou a forca
Como se fosse contra a gripe não vejo onde é o mal
Na forca, o prazer de ser exposto como um porco
Pendurado num talho para dizer: ele não tinha moral
Nós somos humanos de bem não somos assassinos
Inventámos belas máquinas para que se faça justiça
Não me venham dizer que não somos divinos
É um prazer os ver morrer e depois vamos à missa.
Porque nós somos humanos!
A. da fonseca