Construo, o amanhã desmoronado.
Aplico um tijolo, vermelho sangue,
Com argamassa no muro já grande,
Coloco uma telha mais, no telhado.
Sempre construindo, venho.
À medida do meio e engenho.
Haja um canto apenas, pronto e acabado,
Com mobília lisa, pintura, tecto e chão,
E um detalhe mais, habitando o coração,
E residirei aí, enfim na paz, tranquilizado.
Mas trago soltos no peito velhos ciclones,
Esquizofrénicos, arruinando-me em clones.
Ventos de devastação e fúria
Esvoaçam descrenças à dúzia,
Forçam-me o prazer de reprojectar,
E reconstruir sem nunca parar.
Boa semana!
Garrido Carvalho
Janeiro '09