Amor,
Por entre estas palavras espero poderes compreender o meu desabafo. Sinceramente não sei talvez no dia em que te vi pela primeira vez, do alto de uma janela comprida, fixaste o teu olhar na gente que trabalhava, parecias um anjo enviado, atento, estudioso e afável.Os minutos duraram horas, a espera imóvel pela tua oportunidade marcou o dia.
Atrevi-me a ver-te ao longe, admirando quem passava, quem seria.Vestias uma camisa branca, umas calças azuis a condizer com a gravata, o cheiro a perfume notava-se, por entre o cheiro a pó e a pneus.
Lembro-me como se fosse hoje, o teu olhar de quem espera para atacar de improviso quem passa.
Atacou-me a mim.
Poderia ser a única vez que te via, ou o príncipio do resto da minha vida, pelo menos algum resto que ainda me falta.
As doenças teimam em não me largar entregam-se a mim como um conjunto de objetos agarrados.
A melancolia que sentia passou-me, ocupei-a simplesmente a pensar em ti. Achei-te bonito, olhei-te nas mãos, porque elas me falaram.
As tuas mãos finas e suaves ao tacto como uma seda, os dedos redondos e perfeitos sem calos, senti-os passarem suavemente pelas minhas, quando me cumprimentaste.
Belo momento que desvrevo. Um fenomeno calorífico transportou-me a um lugar estranho, ao meu sítio de paus.
Ali te via prendendo de feitiços o meu corpo, tocando com as tuas mãos o meu espirito sensível, elevando-me a ser submissa a ti.
O meu momento estranho havia de voltar ao que era, mas ali fiquei parada a olhar para ti.
Sem ouvir mais ninguém, sem ver mais alguém.
Parecia que o tempo tinha parado.
Agora sei que era um princípio da atração que sinto por ti.
Onde me pode levar esta sinceridade?
Apenas me leva a sonhar contigo