Hoje adulta e multicolorida
meu olhar preto e branco enxerga xadrês
Não sei de cor a cor ainda da Taboada
preciso da tua mão para atravessar a rua
nunca sei qual o tom do mosaico da estrada
tropeço na mesma via única há milênios
não entendo esse tráfego congestionado
essas artérias etéreas me confundem...
Dá-me os pés das mãos das tuas raízes fundas!
Mas, na igreja bizantina
na colina da Vila GUAI
repicam os sinos
vai começar a missa ortodoxa
das seis horas!
Seu Enídio crente sai com sua
bicicleta preta para ir trabalhar
na fábrica no bairro do Portão
Ele é operário religioso
enquanto a polaca Tida sua mulher gratina
o pão com gema de ovo e a gente come daquele pão fogo amarelecido petalado
No bagageiro da bicileta seu Enídio leva
a bíblia cristã
ele lê todas as noites em suas vigílias
de guarda noturno
Eu cresci e ainda não entendi a bíblia de Descartes
com esses complicados capítulos eróticos de fast foods
De olhares recicláveis, resfolegamentos dissimulados e latas de lixo de boca aberta
ajoelho no cadafalso e grito por Rembrandt
Veermer Van Gogh Velásquez
Gibran
Ainda piso descalça sobre os pregos
Não consigo entender a biologia quântica que plantando abóbora se colha amora
o hímen de ozônio deflorado é jurisprudencia
O martelo repica aos meus ouvidos
na acústica dobram os cravos na madeira
de purpura evapora a rosa prisioneira
busco além dos sentidos!