Ah, bonita história essa. Lembro-me dela como daquela vez que espetei um espinho no dedo e gritei alto para as fadas disléxicas que trocam vogais. Levantei-me e vi uma rosa. Ah, bonita história essa…
Encontrei um escritor, que me perguntou se eu conhecia algum editor. E eu disse que o editor era eu. Mas então ele perguntou: se eu era escritor, como podia também ser editor? E eu respondi: não faço a mínima ideia. Meto umas porcarias num caixote que depois vão parar à internet por uns fios. O lifestyle de uma star que é de rock, estão a ver. Os melhores hotéis, as melhores enfermeiras que nos curam de tudo. Eu escrevo, eu edito, faço o que quiser, como este colar de rockstar indica.
Um mês depois, esse mesmo escritor veio ter comigo e pediu-me, por tudo o que era razoavelmente sagrado, para eu o ajudar a editar uma medíocre obra chamada “Eu sou o melhor poeta do mundo”. Comecei a chular o rapaz, porque a star que é de rock tem o seu pimp quando quer, onde quer. E o rapaz teve sucesso porque eu o chulei, porque o meti no quarto ao lado, entretido com os carrinhos e a revista social do ano passado. Por esta altura, já tinha o bolso cheio de moedas de cinquenta cêntimos. Uma delas tinha parado uma bala na discoteca, num episódio típico do meu lifestyle de um rock que é de star.
Depois fui falar com o meu contabilista, que me disse que eu estava rico. O puto estava a render bem… Mas as coisas mudaram. O puto bateu à porta do quarto, interrompendo o meu sono de beleza, para me perguntar o que eu achava do livro dele.
- É uma merda. – disse eu, com aquele ar fantástico que sempre tenho.
- Então porque aceitaste editar? – perguntou o rapaz, que por acaso tinha nome de editora.
Antes que ele pudesse fugir, matei-o com a minha Colt 45. Não se fazem perguntas. O chulo tem sempre razão. Saquei da minha cigarrilha, e prossegui com o meu lifestyle de rock que é de star. Mandei a enfermeira atirar o corpo para o alçapão, porque mais um puto inconsequente estava a bater à porta.