Nesta encruzilhada da vida
há demasiada pobreza
não vislumbro qualquer saída
pra este estado de incerteza.
Somos filhos dum deus menor
que não tem fé nem piedade
quando se irá contrapor
e trazer-nos felicidade.
Nau ao mar desfraldou
a hirta bandeira de um país
em nós apenas ficou
o que mais ninguém quis.
Quem sabe o que nos espera
ao virar de cada esquina
porventura será quimera
que em nós desatina.
Pobre pais de tristeza e de fado
cada um está por sua conta
é um destino malfadado
dedo em riste nos aponta.
E morrem às centenas
os humanos desconhecidos
são mais que muitos, raras penas
de rosários aqui esquecidos.
Não custa ser solidário
olharmos uns pelos demais
não fora tudo tão ordinário
diria que somos muitos mais.
A cada um seu gesto a carpir
as dores que lhe vai na alma
se ao menos soubéssemos dividir
a tormenta que nos acalma.
Então seriamos imortais
olhos nos olhos a mostrar
e não seriam em vão os ais
nem teríamos cruz a nos pesar.
Jorge Humberto
24/01/10