Aquele olhar fora pro-vo-ca-dor. Provocara uma revolução. No estômago,nas pernas,nas glândulas sudoríparas. Que olhar fora aquele. Midriático. Desconcertante. Invasor. Devastador. Daquela noite em diante, atormentava e afligia. Aflição era pouco.Era pensar e taquicardia chegar. Todas as vezes que ela cruzava o corredor rumo ao elevador, como que por mistério ele se sentia impulsionado a abrir a porta, tirar o lixo, sacudir o tapete, levantava de soslaio os olhos e lá estava ela cravando olhar,investigando, penetrando através do frágil garoto. Ao fechar a porta o caminho certo era o banheiro ( ) e um descontrole intestinal se abatia. Suava tanto que precisava tomar banho e ainda assim continuava destilando suas sensações, um misto de medo e desejo... Na escola já não conseguia se concentrar. Se fechasse os olhos eram os negros dela que enxergava o fitando, inquirindo, averiguando talvez seus pelos rarefeitos, aquele monte de acne que tornava seu rosto um pouco pior, a sua notável magreza, o cabelo despenteado, os óculos cujas lentes eram de visível densidade, os dentes em franca correção ortodôntica. Tudo que o fazia sentir um relés garoto saindo( entrando) na puberdade. Nas férias, os encontros pelo corredor acirraram, e foi inevitável tomarem juntos o elevador, sozinhos, para azar (sorte) dele. Uma mulher madura, segura e dominadora sabe mesmo o que quer. Não perde oportunidades, caça. Fuzila com o olhar, algema mãos com o corpo, imobiliza lábios com a boca. E na seqüência: e-xe-cu-ta. Fiel e letalmente. De sorte que o elevador parou e apagou, e o guri ( ) calou. Rolou. Deram-se bem, muito bem. O que foi iniciação virou rotina. Temperou. Acirrou. Viciou. Sabem qual o efeito maior dessa história? Pois é. O vizinho dançou. A gostosa (displicente e/ou propositadamente) engravidou. E o guri? Literalmente se ferrou. Pois é, só sei que foi assim, cadeia de efeitos, Tudo efeito de um olhar, certo olhar... Seria efeito ou reação? Adverso ou Colateral? ???????