Do anonimato ao estrelato
Você já foi ignorado pela amada? Você mesmo assim fez loucuras por ela? Você conseguiu chamar a atenção dela? Então isto é para você!!!!!
Sabe leitor, a gente fica de vez em quando vidrado na televisão do teto dando play no melhores momentos da vida e algumas das cenas são de sensibilidades, outras de loucuras e até de serenidade, daí a gente pega a rir de si mesmo e das posições tomadas na época, acha até ridículas, mas são elas que nós vivemos, são elas as emoções vividas com intenso ardor e que se tornaram o nosso melhores momentos. Um destes dias me peguei de calças curtas numa situação dessas.
Estava eu com gripe, resolvi efetivar o repouso (conselho do médico). Aluguei alguns filmes e montei a minha programação. Quem disse que assisti os filmes? Sabe leitor quando a gente se leva pelo comentário que tem nas embalagens dos dvds e compra gato por lebre? Xinguei o resenhista, amaldiçoei a gripe e fui conversar com o Erasmo Carlos. Puxei um vinil e coloquei no toca-disco e lá veio a frase melódica:
"Todas as vezes que você passa e nem me vê, fico pensando no que eu faria pra ter você"
A televisão ligou sozinha e nem se incomodou com a teia de aranha no canto do teto e eu muito menos liguei, se a cena era preto e branco ou colorida, as minhas retinas consumia avidamente tudo o que rolava, até nem notava as cenas embaçadas e muito menos a diferença física entre eu da cena com e ou de agora. Eu tinha cabelos longos, todo vigor físico, a juventude era o meu manto. A cabeça meio tonta, mas era eu com toda a minha sapiência e ignorância. Além disso apaixonado pela vizinha, moradora recente na rua. Eu fazia de tudo para arrumar uma amizade com ela, a desgraçada nem me notava, apesar de já ter algumas conversa com aquele olhos lindos. Quando me via, não me reconhecia, até acho que descobriu minha intenção. O Erasmo insistia:
"Pra ter você de qualquer forma de qualquer jeito, qualquer maneira você nem sabe que eu estou ficando infeliz"
E eu? O tontão lá! Quantas e quantas vezes fiquei na janela para vê-la passar, e vi! Só vi! Ela nem sequer olhou com rabo do olho para mim. Ah! os seus cabelos longos e seus olhos verdes não saíam da minha cabeça. Sabe quando a gente está no telefone e com uma caneta na mão e se pega a escrever qualquer coisa até acabar a ligação e depois descobre que escreveu várias vezes o nome da pessoa amada. Pois é, comigo foi assim. Quando não, trancava-me no quarto e fazias versos horríveis e achava bonito. Acredito que, naquele momento, eu nem via as palavras e nem atinava os sentidos, eu era pura paixão, cheguei a mandar alguns para ela, semanas depois eu os via no lixo, sentia uma dó de ver as minhas inspirações e meus encantos rasgados e marginalizados no latão de lixo. Imprestáveis. Nominalizei-me o poeta dos detritos! Mudei? Que nada aquilo mais me instigava! E o Erasmo lá mandando lembranças:
"não posso mais guardar comigo os versos que eu já fiz pra lhe dizer do meu amor
também fui eu quem lhe mandou aquela flor"
Soube do aniversário dela. Fui com muito carinho encomendei um ramalhete de flores, eu era do tempo do amante da moda antiga, (hoje se manda chocolate) o tempo mudou, hoje as flores são de plástico, tem até flores virtuais, frequentemente eu recebo e-mails com flores e até com bichinhos lindos e interessantes, mas fico com o cheiro da rosa. Segundo os entendidos, o cheiro delas se impregnam nas mãos e dá a gente mais alguns lance emocionais patrocinado pelo perfume das rosas naturais. O nome dela era Rosa... Leitor, você está aí? Então, vamos lá! Você não imagina a alegria que eu tive quando na faculdade, na aula de Língua Inglesa foi quando conheci um trecho de uma poesia de um poeta inglês, dele não lembro mais, entretanto dela totalmente o verso que me interessou :
" A rose, is a rose, is a rose, is a rose"
Não precisou muito, não mais do que sete letrinhas ( is a rose) para embalar e me embolar com os momentos de paixões ( veja "paixões" tem sete letras). Fiquei fã do cara, que grande escritor!! conseguiu com sete letras decifrar o meu sentimento. E o Erasmo lá me fustigando:
"Vivo fazendo milhões de coisas, qualquer loucura pra ter você. E os dias passam correndo, vou acabar lhe perdendo, preciso descobrir um jeito de chamar sua atenção"
Eu já estava perdido ( veja "perdido" tem sete letras). Não encontrava uma maneira para atrair a sua atenção. Coloquei no jornal alguns versos que eu fiz durante uma semana, cada dia um verso e no domingo coloquei como dedicatória aquele verso em inglês, eu sabia que ela gostava de poesia. Esperava pelo menos um olhar. Como dói a paixão não correspondida. Você já se sentiu assim? Uma flor sem vaso? Uma cortina sem janela? Resolvi mudar a estratégia. E o Erasmo lá me incentivando:
"O meu melhor sorriso eu dei"
Acudi-me com o meus recurso naturais, botei-me num pano que nem o espelho me reconheceu, era um verdadeiro príncipe de uma linda mulher, só faltou a limosine. Fui esperá-la. Ela desceu do ônibus, pediu licença para passar por mim e passou como se fosse cega, só pediu licença, porque poderia ser gente quem estava ali. Mas não era. Era eu, um zero a esquerda, um ovo fora de dúzia. O sub-sumo. Era um traste qualquer que se apaixona bestamente por uma mulher inexistente, é simplesmente um monstro e veio ao mundo para judiar das pessoas, e principalmente do meu eu , de um pobre coitado que estava pronto para dar a vida por ela cara!!! Fiquei puto com esse ignorar!! E o Erasmo lá me fodendo:
"você não viu, gritei seu nome, mas nem assim você me ouviu. Por mais que eu faça, não adianta, você nem nota minha existência"
Aí o desespero foi total, parti para a bestialidade. Descobri o aniversário dela, convidei a vizinhança para a festa, falei que era surpresa. A rua inteira sabia, só ela que não. Consegui convencer os pais dela a não revelar essa homenagem. No grande dia lembro como hoje. Era sexta-feira, ela estava no trabalho e em férias da faculdade. Interditei a rua, combinei com os moradores para que só saíssem a rua quando ela apontasse na esquina. Esperamos, esperamos e esperamos e continuamos a esperar na esperança do esperar esperamos mais um pouco e aí veio a desesperança e o povo já não aguentava mais esperar a esperada festança. Foram com tudo nos comes e bebes, fazer o que? Isso já lá pelas nove horas da noite. Foi uma festa e tanto, vi meus sentimentos atolados na goela da comunidade da rua. Você acredita que as mesas que estavam em frente ao portão da casa dela foram as primeiras a ser detonada. Comeram com velinha e tudo. Dispensaram o parabéns e foram logo para os finalmentes. A criançada fizeram a maior sujeira e principalmente na frente da sua residência. E para tudo se encaixar, nesse momento ela chegou. Era exatamente dez e meia da noite! Bateu de cara com aquela imundície ali, eu só fui perceber a presença dela quando já se postava em minha frente. Arreganhei os dentes, nem sorriso veio, apenas esbocei um e fui cumprimenta-la pelos anos vividos e falar da festa surpresa. Nem me ouviu e disparou logo em mim algumas palavra:
- Você é o causador dessa imundície na porta da minha casa?
Nem esperou a resposta. Bateu com a peroba da porta com força na minha fuça e apagou a luz da casa, porém me acendeu a luz da vergonha e da patifaria! A luz da minha raiva pegou a funcionar!! E o Erasmo lá me aporrinhando:
"e os dias passam correndo e de esperar vou morrendo, vou acabar ficando nu pra chamar sua atenção"
Leitor você não acredita, mas é verdade, por Deus que está no céu é verdade! Eu até já tinha banido a moça da minha cabeça! Fácil não foi, mas cansei de ser humilhado, joguei a garota num quarto vago do meu coração. Para ejectar este entulho passaria pelo meus rins e fígado, eles fariam uma boa limpeza extrairiam, com certeza, a carrasca do meu coração. Mais dias, menos dias, eu iria defeca-la na latrina e a mandaria via tubulação de esgoto ao inferno fezístico para pagar com juros pelos infortúnio cometidos contra a minha pessoa quando aparecesse uma substituta. Você acredita que não consegui cara? Um belo de um dia, Leitor desculpe o clichê, mas era um belo de um dia, era um dia ensolarado, os raios brilhava como nos contos de fadas. Eu no banheiro tomava um belo de um banho. Uma bela de uma toalha (presente da minha avó que Deus a tenha). Na hora de me enxugar: cadê a lazarenta da toalha? Sabe aquelas cenas que até você já passou? Você pensa que pegou a desgramada da toalha e descobre que não pegou? Onde estará a toalha? Então pede para alguem e não há esse alguém! Você vai para uma solução qualquer! Eu também fui. Mal sabia o que me esperava. Apontei a cabeça para fora, não tinha ninguém. Resolvi correr até o varal no quintal e pegar a bela toalha a qual eu lhe falei leitor. Peguei? Quem disse isso? Já perto do varal, dei de cara com um cachorro enorme e babando. Eu havia escutado uma história que cachorro que baba tá louco. Nem expliquei a ele minha situação, ele nem quereria saber! Larguei-o lá e corri e o diacho é que ele fez o mesmo, porém atrás de mim. Nem vi a porta da minha casa, fui direto para a rua. Você não vai de novo nem acreditar!!! Quem estava lá? Quem? Quem?? Ela!!! Só poderia ser meu amigo, amado e idolatrado leitor... Para não cansa-lo mais chegarei a conclusão dos fatos:
Consegui chamar a atenção.. A atenção do rua! A atenção do bairro!!! e finalmente a atenção dela!!! Ela, então com muita classe e defensora do pudor, chamou a polícia e então, daí numa gradação consegui chegar ao estrelato:
a) Chamei a atenção da cidade toda;
b)Fui primeira página no jornal do dia seguinte. È mole pro gato?
c) Mandei o Erasmo cagá! Desliguei o aparelho de som!
d) Medi a minha febre constava 42 graus. Estava no ponto de delírio!(delirio - tem sete letras). Sacou?
(Santiago Derin)
Exercitar a leitura é alimentar o intelecto!!!