Há um nevoeiro denso, que só eu o vejo e que cobre o meu trecho. Sei que há porque o sinto nas entranhas das horas, pardacentas, e sem conceitos de povoados fátuos…
Toda a terra rodopia em versos e esse poema que não consigo escrever é um corpo desfeito de vontades impróprias.
Que digo eu? Se a mente, a minha mente, fugiu dos agressores deste patamar de delícias encobertas e onde a vingança vigora como lei do ciliciado.
Há um nevoeiro opaco que visita os valdevinos do cumprimente etéreo das malícias, que abrangentes, esticam os pensamentos dos loucos, e, segundo dizem, ainda restam os poetas, imunes aos descalabros da decência de exercitar o desejo. Sim, eles podem! Podem fugir do trivial e em espaços reduzidos, podem brincar com as palavras e pintar o nevoeiro, mesmo o meu, que é aquele que ninguém vê…
Há um nevoeiro austero, sem coloridos, que peço para pintarem de verde. Pintem-no de verde por favor, e, quando acabarem, gritem o meu nome e abram alas que eu quero passar, quero regressar à lucidez de estar vivo e atento aos momentos da vida.
Gritem, por favor gritem, que quero ver o nevoeiro pintado de verde e, mais do que tudo, quero regressar.
Esperem! Esperem. Que vejo eu? Há um nevoeiro verde, intenso e ainda não gritaram o meu nome!