Crónicas : 

O CINTO DA EDILEUZA

 
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Compadre... Cadê comadre?
– Ôxe! Vou lá saber?
Agora... tá metida a besta! Anda toda prosa, digo uma coisa procê... Tá querendo ser madame. Lá em casa tá um vexame, coisa triste de se vê! Tá solta na buraqueira... na cabeça só tem besteira e muito trê-lê-lê... A fia veio das Europa... Tá com a cabeça cheia de tudo..., menos de juízo! Essa tal modernidade! Esse povo da cidade, que mal sabe do umbigo. Não sabe o valor das coisas, nem tampouco o sacrifício... de plantar e sofrer por não ter quem colher. Desconhece a tal praga, quando dá no pé; os banqueiros que tudo sugam... Se não bastasse, vêm às muitas águas do rio..., engolindo os nossos sonhos... E esses? Vão d’água abaixo!
– Verdade compadre...Vidinha sacrificiosa essa nossa!
– O rio inunda tudo! E, o nosso trabalho, dinheiro e esperança de uma boa safra... Vai pro brejo! Trabalho em vão, puro apuro compadre!... Eu não sei não...!
A fia da minha mulé... trouxe um moço de bagagem, lá da cidade das Europa... Não entendo nadica do que ele fala! É cheio de língua na boca! E acho, sabe compadre?... Que pouco também ele me entende!
– Espia...espia...compadre Neco! Não é a tua mulé - a comadre Zeza - , que tá vindo ali com um moço e tua enteada?... Vixe... Compadre..., ela tá só de blusa, cadê a saia?
– Tá cá gota, compadre Bil!... Tais sofrendo das vista é? A saia dela é essa ta de ‘estop’...
– Vixe... Pensei que era um cinto! Tamanhico de nada... É ruim ela pisar na barra da saia, hem compadre? He,he,he,he...
– E por um acauso compadre Bil, adianta eu falar alguma coisa? Zeza diz que é a moda da cidade grande...Que é assim mesmo que as moça se veste nas Europa... Tu sabe né, compadre Bil? Tu conhece a minha fama...
– Com certeza compadre Neco, com certeza!
– Diz o povo... Que eu sou pão duro! Muquirana! Mesquinhoo... E, quando eu fui reclamar do cinto que Edileuza usa no lugar da saia... Ela veio me falar difícil... Disse que era contensão de despesas, aprendeu comigo a economizar... Pode!?
– Não...! Não pode compadre, pode não! Ela tava era tirando sarro de ôce...
– Toda vez, que ela passa por eu...e, vê que eu tô olhando pras pernas dela, ela diz: – Vamos economizar!... Vamos economizar!
Ó diacho de mulé... Sabe, compadre Bil? Prá me vingar... tirei sarro da cara delas!
– Foi, compadre?... Como? Digue pra eu...
– Eu falei pra Zeza, que ela entrasse na economia... passasse a usar cinto também!
– Vixe! Nossa Senhora do céu!... Tu tais doido home? A comadre só tem veia... parece o mapa do Brasi, oxente!...
– Compaadre !! Tais me desconhecendo, home? Cadê a compostura? Respeite a minha muléé!
– Vixe!... Compadre... calma home! Óia, deixa eu tirar esse cisquinho da tua camisa...
– Deixe de ajeitado! Eu sou é macho, visse? Bom...Deixa isso pra lá..., afinal das conta... bem que é verdade... Minha mulé é um mapa... com rios e afluentes!
–Êita pau... compadre...tais cheio de língua na boca... essa doença pega, é?
–Ó compadre Bil... Tô querendo dizer procê, que minha mulé é cheia de veia nas pernas... mas, eu amo ela!... Por isso, virei inté professor de geografia... He, he,he,he... Na verdade...na verdade, há duas barras que enlouquece um home...
– É?... Qual, compadre Neco?
– Barra de saia e barra de ouro!... Kkkkkkkk...

EstherRogessi, Crônica: O Cinto da Edileuza,Categoria:Narrativa.22/01/10
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Quando descobri o que sou para Deus a opinião da oposição, a meu respeito perdeu o efeito; quando me conscientizei do que Deus é para mim dispensei intermediários.

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Esther
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Enviado por Tópico
Karla Bardanza
Publicado: 22/01/2010 16:04  Atualizado: 22/01/2010 16:04
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 Re: O CINTO DA EDILEUZA
Esther,

Gostei do cinto dela!

Beijo

Karla Bardanza