Olá meu amigo
Espelho polido,
Com quem me divido,
Invertido, por todas as manhãs!
Estás tão triste! Sem esboço de sorriso,
Com os olhos vermelhos e a barba a fazer!
Os primeiros sinais do tempo já te riscaram a testa
O sol ofusca-te a pele. Perdeste o sorriso.
Os cabelos deixaste crescer...
Olá, caro amigo,
Espelho polido,
Com quem me divido,
Sozinho, por todas as manhãs!
Onde estão os sonhos a pouco sonhados?
Por onde andam todos os amigos da infância?
E esses teus olhos vermelhos e essa barba que nunca se faz?
Onde mora aquele menino que se perdeu num corpo de rapaz?
Diga-me, amigo,
Querido espelho polido,
Que sempre sem sorrisos
Divide-me por todas as manhãs?
Meus irmãos se foram para explorar o mundo.
Meu pai foi para aquele “Undiscovered country de Hamlet".
Minha mãe se tornou o que sempre foi e nunca mudou...
E eu, espelho florido, fico aqui todas as manhãs e com
Você me divido...
Ora, querido
Espelho polido
Com quem me divido por todas as manhãs!
Se num momento és florido, então não pode haver perigo,
Nem veneno escondido nessas uvas nem naquelas maçãs!
Gyl Ferrys