Dor no Corpo
Perco-me no crepúsculo ondulante,
traço linhas confusas no compasso da pele,
afundo-me nos lagos de Avalon.
As montanhas procuram-me incessantemente,
os ecos sentem-me a saudade no amargo lábio,
há uma insanidade oculta por detrás do toque,
uns dedos que sonham, que cheiram perfumes sós.
Saúdo-te manhã gloriosa, amanhecida na vida breve,
um eterno sorriso manchado,
um anoitecer madrugado nos lírios selvagens,
gansos que esvoaçam,
que raptam a minha Alma.
Remo agora, contra a corrente do sangue,
há dor dentro do corpo,
uma mágoa que esvoaça, estilhaçada, já morta.
Magoo-me no silvado de amoras,
colho orvalhos para saciar a fome de amor,
são doces os frutos das manhãs,
e a amarga a solidão das noites.