Fumando mais de um "cigarro"
Vendo um casal de passarinhos
Carregando, no bico, galhos
Para confecção do novo ninho...
Sorri!
Foi um sorriso que, confesso,
Fez-me buscar o meu antigo caderno
Brochurão e minha caneta de escrita fina
Para tentar decantar essa cena em versos.
Saiu assim:
Lá vão eles numa labuta bonita e danada
Cada qual fazendo com alegria a sua parte
Vão subindo e descendo na copa da árvore
Norteados na construção da segura morada.
Pensei:
“Assim é o nosso amor, amada.
Um ninho dia a dia e aos poucos construído
Argamassado e salivado com mil carinhos
Cada dia ele se agigantava, retendo calor...
Se hoje ele é mais quente e aconchegante
Foi pelo simples motivo que fizemos unidos
Pelo amor bonito em nossos corações contidos
Que vale muito mais do que todo ouro ou diamante.
Agora, se me aparece uma pedra no meu caminho
É que no fundo a pedra apenas quer se transmutar
Em passarinho colorido para assim poder alcançar
As altas copas das árvores e as esferas celestes do ar.
Sei que pedras são apenas frágeis grãos de areia
Que insistem em vagar, ao léu, pelos campos do mundo
Pois hoje eu sei que de grãos são feito tudo
Até mesmo os ninhos e os passarinhos.
Deixe que a pedra continue no meu caminho.
Nada tem culpa em ser pedra vil e vulgar.
Sei que ela quer é construir um bom ninho;
Um dia tentar ser um colorido passarinho
Para, finalmente, poder voar!”
Gyl Ferrys