Deixo o corpo cansado cair no sofá.
Os braços inanimados, pendem para o chão, sem vontade própria para se voltarem a erguer.
Oscilam... para trás e para a frente, sem saber que direcção tomar, se ficam, se vão, ou se devem parar.
Hoje, não tenho sonhos perdi-os e já não te quero inventar.
Já não te faço prisioneiro da minha imaginação.
Esta noite fica somente o silêncio e uma lágrima esquecida, caída sobre no meu rosto pálido.
É o que resta da desilusão, da saudade enorme que escorreu pela minha face, invadindo-me a memória e que batalha agora por te esquecer.
Aqui, sentada neste sofá, apercebo-me da minha solidão. Compreendo finalmente que não passas de uma ilusão projectada nas paredes da minha imaginação.
Julguei que existisses, engano, pura ilusão.
És apenas um produto que criei, utopia, sonho nascido em mim, no fito de preencher uma vida oca de sentimentos e sensações.
Inventei!
Agora, deixo-me ficar aqui sentada, estirada no meu velho sofá, tentando proteger-me da tristeza, que a realidade me impõe.
Lá fora os jardins autrora coloridos, hoje, não têm cor.
Os pássaros, não se ouvem cantar. Ouve-se apenas um único som, o lamento do meu coração que chora de profundo desalento, que chora, o desmoronar de uma ilusão.
Quero dormir, esquecer, mas não quero voltar a sonhar.
Quero apenas fechar os olhos deixando lá fora o espírito, e os sonhos de uma alma, acorrentada a uma ilusão.
Luz&Sombra