Tempo precioso e inesquecível
Distante e presente... Lembrança viva.
Doce como mel,
lindo como flores do campo,
alegre e barulhento como um bando de passarinhos,
transparente e puro como água cristalina.
Adorável infância!
Infância que tinha riachos límpidos,
ladeados por samambaias de todas as espécies,
pequenas, gigantes e com cheiro...
Cheiro de samambaia e de água.
Tinha perfume de maravilhas ao anoitecer,
multicores e aos montes, nos quintais
e jardins, contornados por resedás,
perfumes de jasmins, rosas brancas...
Tinha cheiro de pomares, de capim,
cheiro de mato.
E quando findava o dia,
a enorme família, morando agrupada,
com quintais sem muro,
limitados por moitas de bambu,
um pessegueiro ou um parreiral,
reunia-se numa varanda,
ou num gramado sob o céu estrelado
e com luar. Começava a cantoria.
E como era linda!
Tinha também as histórias
escabrosas, tenebrosas, horripilantes,
mas que não arredávamos pé,
muito embora sabíamos do medo na hora de dormir.
Tinha novenas. Infinitas...
Cantigas de roda, com lua ou sem ela.
Tinha magia, tudo era bom, a vida era bela.
Nem era rica, nem era pobre,
era apenas infância.
Que deixou saudade
do gosto e do cheiro,
dos amigos idos, outros perdidos,
famílias distantes,
mas tempos sagrados e intensamente vividos
que não se apagarão jamais!
Lourdes Braga Fracalossi