Eu apaixonei-me pela mulher
De meu irmão!
Até seria bonito
Se não fosse o senão
De não poder amá-la.
É que ela é amor de
Dezasseis anos,
Demasiados para poder largar.
Se um dia isso acontecer,
Ele até a pode matar.
No mínimo,
Casa-se com ela
Por mais cinco,
Que é o que dão
Juntos os dedos da mão.
Ela tem uma irmã
De cabelos loiros esbeltos.
Suas espigas crescem
Na floresta do amor,
Enchendo a vista,
Vazando a dor
Que nos invade a cada dia.
Mas ninguém a ama,
Porque a mulher de meu irmão
É a mais bonita que há.
A trama até seria pouca
Se tão pouca assim fosse.
Mas somos seis!
Sim, seis!
São esses os anões
Que lutam pela mulher de meu irmão.
Doidos certamente estão,
Porque sabe o meu irmão
Que o seu testamento
Deixa a mulher mais bela
A seu primo direito,
O feitor da respeitosa
E cinzenta aldeia.
Ai, como eu amo aquela mulher,
Que cavalga no alto da minha dor,
Aquela que eu amo,
A pupila do senhor reitor.
E então?
Se há um senão,
Há de afastar-se
Com os cinco dedos desta mão!
A bela e os seis anões
Hão de ter o seu dia,
Que ela é grande e forte
Como os dias da semana.
Ai, o desprezo de meu irmão,
Quando maltrata o meu amor.
Quero beijá-la, e ela olha sorrateira,
Como a dona de casa
Obediente, talvez doente,
Certamente certeira
Na sua cegueira triste.
Faço minha a sua dor,
Que dói no coração
Da pupila do senhor reitor.
Um dia ela cairá nos nossos braços,
Com laivos de sangue,
Pronta para amar.