Majestosa e imponente, de índole rebelde – assim se apresenta a Serra da Peneda.
Graciosa dama de delicada casta, desnudando-se embriaga-nos com todo o seu esplendor hipnotizando-nos com sua tez de traços medievais.
Estremecem os sentidos, ávidos de seu âmago enlear.
Ergue-se manso sussurro enraizado na essência suculenta da Terra-mãe.
Nos cabelos, soltos ao vento, emaranham-se estonteantes crinas onde selvagens manadas de cavalos Garranos desbravam triunfantes! Adornam-nos uma coroa de exímias plantas em cujo entrelaçar se ressuscita não só as tradicionais tisanas como também toda a sapiência de cariz medicinal.
Seus doces e brandos olhos são favos de onde se extrai o tão precioso néctar – o mel.
<br /> Desde o pescoço até seu regaço entrecruzam-se trilhos do Lobo Ibérico que em noites de lua cheia resgatam as mais fantásticas estórias repletas de misticismo.
Uma túnica, magnificamente urdida por penedos, motiva a fantasia aguçando a imaginação de quem os contempla.
A vegetação traja seu corpo brindando-o de alvor no Inverno, áureo no Outono e distinto matiz esverdeado no Estio e Primavera.
Debruam suas amplas vestes a cultura Dolménica e Celta, pespontam-na pontes românicas, santuários e casas de recolhimento.
Cobrem seus singelos pés a pastorícia e de porte aprumado, acautelam seus caminhos, os cães de Castro Laboreiro.
De sua mão direita oferta-nos cabras bravias e vacas Barrosãs; em sua mão esquerda pendem-se fumeiros e espigueiros. Por seus hábeis dedos, semi-abertos, esgueira-se o aroma a pão dos fornos comunitários e o bálsamo do vinho de Alvarinho.
De seus rubros lábios jorram em cascata narrativas de encantar, tradições Castrejas que se elevam em límpido e cristalino brotar. Das nascentes que nos aprazem revigora-se um fluir que se incendeia dentro e fora de nós. Recortes panorâmicos que desabrocham na aventura de cada redescoberta…
Agosto 2006