Carrego em mim o brilho intenso
de muitos sóis,
de fins de tarde,
de sabedorias
colhidas em muitas vidas,
de ternuras de amores e sonhos.
Carrego em mim a incerteza
da eternidade da bruma dos tempos,
dos verdes prados estrelados de flores,
de terras cujos mistérios tentei desvendar,
das águas de rios, fontes, cascatas,
onde minha alma banhou-se,
dos mares que me levaram,
aos infinitos segredos que quis ocultar.
Carrego uma infinita
e intensa vontade
de viver sempre e entregar-me sempre
e desnudar-me sempre,
desfazendo os nós do fio que tece
os caminhos da vida.
Alinhavo encontros, despedidas,
teço idas e vindas,
lágrimas e sorrisos.
Nesse tear invisível da minha efêmera
eternidade
cada nó desfeito tem o mesmo amor
que os bordados tecidos...
Carrergo um tanto de esperança
que me abastece de coragem
quando preciso refazer as formas.
E brotam lágrimas...
E surgem soluços...
E rasgam meu peito gritos de dor
e risos...
Pelas sinuosas linhas deste tear,
estradas se formam
e nelas bordo minha vida...