O guarda-roupa inda abriga os seus vestidos,
Lembra?!
Pois é, inda estão lá dentro, embuçados...
O batom inda repousa sobre a penteadeira,
Mas, não se preocupe!
O tempo se encarregou de guardá-lo...
As outras coisas dormem dentro das gavetas,
Porém, o espelho...
Inda pende torto, pendurado na parede!
Ah! Senhora!
E sempre que lhe passo perto,
Inda muito vejo sua imagem refletida nele!
O apartamento jaz vazio. As portas, fechadas!
As chaves?!
Não abrem nem fecham portas!
Repousam no patíbulo dos chaveiros!
Ah! Senhora...
A saudade bem gira as chaves dando voltas!
E inda chamo o seu nome!
Mas quem ouve o meu sussurro?!
As paredes silentes na escuridão do quarto?!
Ah! Senhora!
Apenas a lividez do apartamento!
É que me responde com um sorriso vago...
As coisas minhas, acostumaram com as suas!
O lençol inda abraça o vestido,
Que restou por sobre a cama, jogado...
E a gravata inda beija o cachecol no cabide!
E inda sobre o criado-mudo, descansa,
A foto tirada sobre o lago...
E cá estou sozinho, Senhora...
As coisas continuam do mesmo jeito por aqui!
Os móveis mergulharam na amargura!
O sofá jaz vazio!
E a poltrona?!...Inda ontem ela chorou,
Com as saudades tantas sua!
O café-da-manhã não é mais o mesmo...
Nem o almoço... Nem a janta!
E nas noites!...O apartamento afunda sereno...
E à melancolia que a Senhora deixou!
Faz ele tanto soar,
Tão tristemente pequeno...
(® tanatus - 26/10/2009)